Indemostrabilidade
Sutil contemplação da natureza,
Tu não podes ser epistemológica,
Pois é inconsistente à beleza,
Uma demonstração pela lógica.
Na função inversa da resposta,
Tu vens encher-me de incertezas,
Como eu canso de procurar supostas,
Contradições na tua clareza.
Pego à mão todas as ciências,
Pergunto para à omnisciência,
Qual é a tua constituição?
Ela diz: eu sou a formidável,
A conjectura indemonstrável,
Teu esforço último da razão.
Tu vens encher-me de incertezas,
Como eu canso de procurar supostas,
Contradições na tua clareza.
Pego à mão todas as ciências,
Pergunto para à omnisciência,
Qual é a tua constituição?
Ela diz: eu sou a formidável,
A conjectura indemonstrável,
Teu esforço último da razão.
Contexto:
Escrevi esse poema pensando nos Teoremas da Incompletude de Gödel. Gödel demonstrou rigorosamemte que a matemática, mesmo na sua forma mais pura, a lógica aritmética, não está livre de contradições. Uma eterna incompletude. Como demonstrou? Pela contradição infinita da autoreferência. A conclusão do Teorema, na minha opinião, eleva o contraditório ao exemplo mais belo do pensamento humano. É difícil suportar contradições, eu já fiz muita gente sofrer profundamente por ser contraditório (leia-se falso). Mas é prazerosa a descoberta do infinito possibilitada através das contradições.
Saber que nunca saberemos tudo o que pode ser sabido me faz idolatrar a dúvida. O destino final é que não existe destino final. Incompleta sempre. Jamais perfeita, jamais fechada, sempre idelimitada, tal qual nosso pensamento, o único sistema capaz de suportar uma contradição. O ser humano é definido pelo contraditório. Se o conhecimento fosse finito, que faríamos nós se o encerrássemos? Encerrariamo-nos ali!
Louvado sejam os Teoremas da Incompletude de Godel, autor da mais profunda crise existencial, senhor da contradição e da incompletude.
Viva eternamente, Gödel.