segunda-feira, 22 de março de 2021

Sobre a natureza contraditória dos humanos

Humanos criam seus próprios monstros.

"Os mortos recebem mais flores que os vivos porque o remorso é mais forte que a gratidão." 


Vivem os homens em função da vaidade. Não é a liberdade, mas a vaidade, a nossa própria substância. Depositam os homens seus corpos em caixões suntuosos, dentro de elevados mausoléus faz-se perpetuar o respeito por aquilo que um dia foi alguém. É a voz da vaidade que atribui significado às cinzas frias de uma urna, mas não só a isso, a absolutamente tudo. Maldita voz que subverte até mesmo as leis naturais.


"Poucas vezes se expõe a honra por amor a vida, mas quase sempre se sacrifica a vida por amor a honra. Com honra se adquire, se consola, o que perde a vida. Porém, o que perde a honra, não lhe serve de alívio a vida que carrega"

Diz-se que, quando Lúcifer viu o próprio reflexo, pela primeira vez pensou no "eu", achou-se belo, tornou-se pesado, e caiu. Levou consigo 1/3 dos anjos do paraíso, deu origem ao inferno e soltou a máxima "Eu prefiro ser Rei no inferno do que escravo no Céu". Seria este o peso da consciência? Então a própria consciência nos faz monstros. É como disse Sartre, a necessidade de dar significado a tudo faz do homem escravo da própria liberdade, e ninguém sabe lidar com isto, é o próprio inferno.

A imagem deste post é uma criança com remorso. É contraditório, pois toda criança deveria ser livre de vaidades. Se uma criança lhe ofende, só lhe resta aceitar o que ela disse, se ela lhe elogia, ganha-se o dia. Qual monstro é o pior? O que não tem vaidades ou o que se compõe todo dela? Nenhum. O único monstro é isto que acontece na nossa mente. Crianças podem ser monstruosas, mas apenas porque damos um significado ao que elas fazem.