Eu já desconfiava, depois do sonho de hoje, tenho certeza. As palavras não são estáveis nos sonhos, elas dançam e se embaçam se tentamos focar nelas.
Sonhei que estava no IFPI. Peguei o elevador e entrei em sala. Já sentado, abri o Microsoft Word com a tela do notebook projetada na parede. Comecei a escrever o planejamento das aulas com os alunos, mas não conseguia escrever uma palavra. Digitava um nome e saia outro, apertava a letra que queria, mas aparecia outra. Lia um nome diferente do que escrevi, e quando olhava para o teclado e voltava a olhar para a tela, o nome havia mudado.
Os alunos me zoaram e eu confirmei falando em voz alta "é, pessoal, parece que não sei mais escrever".
Me parece que é impossível permanecer focado nos sonhos. O foco em coisas pequenas acontecem em intervalos muito curtos de tempo. Apenas flashs são gravados. Logo você está em outro lugar. Tudo é muito volátil.
Se não fizermos um esforço pleno logo após acordar, qualquer distração lúcida e concreta da realidade, como escovar os dentes, nos fará esquecer o sonho.
Alguma coisa claramente estava errada, mas não percebi que estava sonhando, só aceitei que minha cabeça não estava funcionando normalmente.
Acho que consegui entender como é não saber ler nem escrever. Isso é algo impossível lucidamente. Não há como imaginar como é não saber uma coisa que se sabe a tanto tempo. Como disse Matias Aires "não existe arte ou técnica para o esquecimento."