sexta-feira, 30 de maio de 2025

Sobre a estúpidez

"A ignorância gera mais confiança que o conhecimento". Triste constatação.

Assim como a inteligência não é uma característica epistemológica, da mesma forma, a estupidez não é uma falha cognitiva, mas uma condição ética. 

Ser burro é ser mal. A falta de autocrítica constantemente leva também à falta de empatia.

O estúpido não apenas acredita, ele defende. Ele não precisa de provas, basta a autoridade de quem o instruiu. E a inteligência não é uma barreira contra a condição da estupidez. Na verdade, muitas vezes, é uma ferramenta que o estúpido usa para justificar suas crenças.

Um discurso enviesado, o uso seletivo da lógica. Tudo isso pode ser mobilizado em favor de uma ideia que nunca foi examinada profundamente. Essa é a lógica da estupidez.

O Efeito Dunninger Krugger mostra que existe confirmação experimental para que o estúpido acredite que está correto. É um fenômeno psicológico interessante. Ele mostra como as pessoas menos competentes são as mais confiantes, justamente porque elas não têm as ferramentas para perceber o quanto não sabem.

A ignorância, quando não reconhecida, parece coragem. Mas é arrogância. A sabedoria, por sua vez, veste-se de dúvida e silêncio, parace fraqueza, mas é humildade. 

A ignorância grita "eu tenho certeza". Confunde confiânca com competência e enxerga a dúvida como fraquesa.

Como alguém pode estar tão errado, e ainda assim, ter tanta certeza de que está certo? A confiânca cresce mais rápido que o conhecimento, ela infla o Ego.

Pessoas inteligentes podem abandonar o próprio juízo. A rejeição social é capaz de nos fazer negar fatos bem diante dos nossos olhos. As pessoas podem chegar a negar a cor de um objeto do que se dispor a pensar diferente do grupo. 

Metacognição é a capacidade de pensar sobre os próprios pensamentos. De olhar com desconfiança para as próprias certezas. De perguntar: será que estou vendo tudo, ou apenas o que quero ver? 

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