A mãe, que perdeu toda a esperança,
Ouve, entre os gritos da madrugada,
O pai procurar a filha soterrada,
Pela chuva que destrói a vizinhança.
Com as mãos firmes na enxada,
Lama e desgraça são o sentimento,
Que engasgam as gargantas no tormento,
De cavar a própria filha na calçada.
Chuva de desastres, dor e negligência,
Quantas mortes fará a incompetência,
Destes escolhidos administradores,
Que inundaram de mortes fevereiro,
E sujam de lama o Rio de Janeiro,
Em sua eterna troca de favores?