terça-feira, 11 de junho de 2024

Inspiração do mundo opaco

Filosofias, versos vaidosos, pensamentos que imagino só eu ter pensado. Tudo isso escrevo. Billhões pensam todo dia mil milhões de coisas, e o quê, dentre todas estas coisas, terão meus pensamentos de especiais?

Vejo-me defronte a uma propaganda que escandaliza da pior forma aquilo que mais quero. Esse espéctro faminto se infiltra por toda parte, como demônios, conhecem todos os nossos desejos e alimentam-se da nossa solidão. São insaciáveis por natureza, pois sua origem é o capital. 

Juntos a estes miseráveis anúncios está sempre associada alguma tecnologia ou ciência de ponta. Quando isso me é apresentado, sinto como se um raio partisse a minha mente, matando em mim toda a inspiração que alegremente obtive sem querer obter. Mas toda vez que quero escrever, preciso passar por este inferno. 

De frente para a tela me torno fosco igual a ela. Reflito amargamente por só escrever coisas úteis. Queria poder escrever coisas inúteis, coisas que tornassem insanas mais ilúcidas mentes apagadas pelo contidiano, coisas que inpirassem sonhos incestuosos e utopias anárquicas em regimes totalitários.

Como um amante da tecnologia, sempre idolatrei a ciência, a matemática e a engenharia, mas hoje desejo me libertar da ciência para qual dediquei a minha vida. Que respostas eu encontrei? Tudo o que acho são ainda mais perguntas do que respostas, mais crises do que crenças, mais incertezas do que convicções. Isso gera em mim um relativismos que arranca tudo do lugar, em nada consigo ser consistente porque em nada encontro o inabalável. 

Estou saturado de tanta metafísica, exausto de pensar essa vida logicamente. Boa parte da vida fui insensível, estúpido ao ponto de procurar sentido em músicas e poesias. Eu quero ouvir o Abujanra recitar Tabacaria no Jornal Nacional. Surtar falando com árvores que o melhor da vida é inexplicável.  Explicar como ser uma árvore e florescer em todos os planetas do sistema solar.

Em sonhos sempre me vejo adolescente ou criança. Ali nunca fiz filosofias. Se fiz, não percebi que fazia. Queria viver novamente aquele período e se apaixonar por personagens fictícios. Morrer de amor pelo banal.

Queria ficar doente e sentir o cuidado dos pais. Os problemas do mundo, os prazos, as burocracias, são todos pequenos diante de uma música ou de um cigarro. Fumar é ter a liberdade de não pensar em nada, somente sentir.

Penso que a Palestina e os isrraelenses vão todos se matar dando início a uma terceira guerra mundial, mas não sinto nada. Na verdade, torço para que a Europa toda se exploda. O velho mundo afunde e não caia um só pedaço no meu quintal. Os que nunca entraram numa guerra deveriam ser postos numa jaula para lutar até a morte contra crianças. 

Eu sou jovem ainda? Não. Mas tenho a força de um jovem, a burrice e sensibilidade de um adolescente. E quando chegar aos cinquenta anos, sentirei saudade dos 28, aí perceberei que hoje eu sou um covarde, para quando chegar aos 50, dizer que preciso de mais 20 anos para respeitar a vida.

Adulto de mente adolescente. Quero ser velho com mente de criança. Andar na beirada de um poço, se pendurar na beira de um penhasco. A salvação é pelo risco, sem o qual, a vida não vale a pena.

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