One Punch-man é um manga espetacular que explora a ironia do existencialismo diante daqueles que se deparam com o poder infinito.
Após procurar por emprego, Saitama, personagem principal, ficou careca e se tornou tão forte que resolveu trabalhar como herói. Nosso herói por profissão - no manga é uma profissão - é tão forte que não consegue sentir prazer em nenhuma das lutas que se envolve, contudo, continua sendo uma pessoa extraordinariamente normal.
One Punch Man é a maior lição de humildade que já vi em alguma obra. A série investe no clichê dos contos heróicos, apresentando vilões e heróis que enchem o peito para discursar sobre suas motivações vaidosas. Heróis bonitos, de cabelos longos, com força sobre humana, alguns rápidos, outros frios, do clássico velho mestre de artes marciais ao ser supremo de outro universo, One Punch Man mostra que no fundo, Eclesiastes estava certo "Vaidades das vaidades, tudo é vaidade."
Ao longo da série, Saitama acaba se envolvendo com vários herois e vilões que se escandalam diante da sua força intangível. As reações, seguidas de morte, caso você seja mal, são dignas de nota. Primeiro, porque ao se deparar com algo que os supera infinitamente, vilões e heróis se dão conta de suas vidas insignificantes. Segundo, porque diante da força irrazoável de Saitama, não importa o quanto você sofreu ou se esforçou, ninguém tem o direito de ser um cuzão com os outros. Caso você seja, um soco na sua cara resolverá o problema, e apenas 1, caso ele queira.
Para os heróis, de vaidade superior a dos vilões, é ainda mais cômico observar suas reações, pois quase todos na série se acham mais importantes do que são.
Um dos heróis, um ciborgue chamado Genos, quando viu o soco de Saitama pela primeira vez, quase teve uma sindrome de Sthandal (estado de êxtase diante da arte capaz de fazer você desmaiar). Como resultado, Genos observa, anota e segue cada ação de Saitama, implorando-o para que lhe adote como um discípulo. Contudo, Saitama não é exemplo para absolutamente nada, não fonte de valores, pois não está ciente da sua própria condição de humildade, nem é fonte de conhecimento, pois ele não sabe como conseguiu a própria força.
O tédio de Saitama se tornou muito profundo, para ele não faz sentido mostrar a alguém que é forte, chega ao ponto de ele nem mesmo se importar que outra pessoa receba todos os méritos por as suas vitórias (King, estou falando de você). Tudo isso é extremamente cômico de se assistir, pois as situações são encaixadas de forma genial na trama de um Careca, que a propósito, não gosta de ser chamado de careca (lhe entendo, Saitama, pois fiquei calvo aos 25 anos).
Um dos vilões da série me chocou de forma hilariante. De forma bem verossímil, sua motivação para o mal foi procurar por emprego. Quem já ficou sem emprego conhece o desespero e o desrespeito que passamos se prostituindo das piores formas possíveis para conseguir um sustento digno. É muito pior do que qualquer vestibular. No reino das empresas, você nem sabe se passou.
One Punch-man explora de forma maravilhosa o prazer que temos ao ver a humilhação dos arrogantes. Lembro de Eclesiastes e a vaidade me ataca, pois o escândalo dos grandes caindo do pedestal é algo que me enche de alegria. Despencar no abismo do nada, conhecer o fundo do oceano, se embasbacar diante do infinito. Reduzir tudo ao insignificante. Retornar ao pó. Do herói ao vilão mais poderoso, One Punch-man é extremamente cômico ao mostrar as crises que nosso querido Careca de Capa desperta nos outros ao mostrar que do mais simples dos personagens surgem as maiores surpresas.
Não sei como terminar esse texto, mas faço um brinde ao nosso herói careca. Sem detalhes espalhafatosos. Anônimo. Que não incomoda ninguém. Tão simples que pode ser desenhado por uma criança, e apesar disso, One Punch Man tem das uma artes mais magníficas que já vi na vida.
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