quinta-feira, 3 de julho de 2025

Sobre Superar a Luxúria

Eu consegui.

Hoje eu disse sim para mim e não para o desejo. Mesmo quando ele me foi explícitamente oferecido.


Hoje eu escreverei um poema para a minha alma.

Tecnologia espiritual sombria, (13)
Das adições mundanas do moderno, (11)
Em que momento virei teu subalterno (12)
para te ceder a minha energia? (12)


Prazer de progenitura fria, (10)
E de manifestação irracional (12)
Nunca em nossa alma tu alivia (12)
o esvaziamento espiritual (12)

(daqui em diante não está terminado, vou continuar depois)

Hoje penso com coerência
Sobre tamanha inconsistência,
De seguir impulso sem propósito.

Sublimar o desejo em criação
me permite a contemplação
de assinar minha existência
e estabilizar minha consciência.

O corpo em estado natural
É o condutor da mensagem divina
O corpo é ancestral, o espírito, 
o guia definitivo da paz celestial.

domingo, 22 de junho de 2025

Sobre o preço da vida moderna

Tudo ficou rápido demais. As escolhas, o tempo, as relações.

As coisas não acontecem mais, elas atropelam. Uma conversa não termina e logo vem outra.

Tem algo estranho acontecendo com a gente. Os dias passam e não conseguimos lembrar com clareza o que fizemos. Tente lembrar de ontem, de um momento, um instante simples. Não um meme ou um post nas redes sociais. Um sorriso, um cheiro, um gosto. Parace que ontem passou e nada ficou.

Algo está acontecenodo, algo silencioso como uma névoa, não tem dor, não tem alrme. Só uma névoa que cobre os dias.

Esse esquecimento suave vai apagando tudo que é comum, tudo que é real. As risadas ficaram rasas, como se estivéssemos vivendo em modo silencioso. Você acorda, pega o celular, rola a tela enquanto vai tomando café. Vai para o trabalho, corre, entrega, quando volta, o dia já acabou.

Você viveu, mas não lembra. A rotina virou uma sequência de gestos automáticos, atravessados por estímulos demais e presença de menos. Isso não é só esquecimento, é o cérebro tentanto sobreviver. Não é um fenômeno isolado. Estamos todos perdendo pequenos pedaços de nós diariamente. 

A maioria nem percebe o esvaziamento da própria alma...


sexta-feira, 30 de maio de 2025

Sobre a estúpidez

"A ignorância gera mais confiança que o conhecimento". Triste constatação.

Assim como a inteligência não é uma característica epistemológica, da mesma forma, a estupidez não é uma falha cognitiva, mas uma condição ética. 

Ser burro é ser mal. A falta de autocrítica constantemente leva também à falta de empatia.

O estúpido não apenas acredita, ele defende. Ele não precisa de provas, basta a autoridade de quem o instruiu. E a inteligência não é uma barreira contra a condição da estupidez. Na verdade, muitas vezes, é uma ferramenta que o estúpido usa para justificar suas crenças.

Um discurso enviesado, o uso seletivo da lógica. Tudo isso pode ser mobilizado em favor de uma ideia que nunca foi examinada profundamente. Essa é a lógica da estupidez.

O Efeito Dunninger Krugger mostra que existe confirmação experimental para que o estúpido acredite que está correto. É um fenômeno psicológico interessante. Ele mostra como as pessoas menos competentes são as mais confiantes, justamente porque elas não têm as ferramentas para perceber o quanto não sabem.

A ignorância, quando não reconhecida, parece coragem. Mas é arrogância. A sabedoria, por sua vez, veste-se de dúvida e silêncio, parace fraqueza, mas é humildade. 

A ignorância grita "eu tenho certeza". Confunde confiânca com competência e enxerga a dúvida como fraquesa.

Como alguém pode estar tão errado, e ainda assim, ter tanta certeza de que está certo? A confiânca cresce mais rápido que o conhecimento, ela infla o Ego.

Pessoas inteligentes podem abandonar o próprio juízo. A rejeição social é capaz de nos fazer negar fatos bem diante dos nossos olhos. As pessoas podem chegar a negar a cor de um objeto do que se dispor a pensar diferente do grupo. 

Metacognição é a capacidade de pensar sobre os próprios pensamentos. De olhar com desconfiança para as próprias certezas. De perguntar: será que estou vendo tudo, ou apenas o que quero ver? 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Sobre superar a si mesmo através Fé


"Quanto mais consciência se tem da vida, mais suportável ela se torna."



Existe uma verdade que poucos tem coragem de aceitar: a vida não tem a obrigação de recompensar o mérito, de ser justa, de punir a maldade, ou de ter um final satisfatório. Essa natureza fundamentalmente imprevisível da vida, é o que nós permite respirar.

Embora seja certo que possamos explicar muita coisa, também é certo que sempre haverá mais coisas a se explicar do que para se saber. Diante disso, aceitar o mistério não é absurdo, pelo contrário, é um ato de humildade diante do universo.
 
Desse mistério surge um sentimento intrínseco, quase uma força da Natureza dentro de nós, a necessidade de sentido. Essa necessidade não é infantil, como muitos pensam. Muito pelo contrário, ela é a razão de todas as conquistas da humanidade, ela é a natureza da Fé.

Fé não é conforto. Viver, mesmo quando Deus silencia, é um até de coragem diante do abismo. Pois a Fé não é uma luz que dissipa todas as trevas. Ela é uma lâmpada no caminho que ilumina apenas um passo de cada vez.

Não há promessa de redenção. Não há revelação final.

Nós ensinaram a tratar Deus como um plano de saúde espiritual. Se você paga com orações e boas ações, ele resolve seu problema. Mas talvez a Fé madura não seja aquela que entende Deus, e sim aquela que o suporta. 

Crer. Não porque tudo faz sentido. Mas porque tudo é insuportável sem algo que transcenda. Contemplar o mistério. Saber sentir antes de saber explicar. Saber ouvir mais do que saber falar. 

A ausência de Deus não é uma evidência contra ele. Na verdade, é a linguagem mais pronfunda da sua presença. É o amor que não se impoe. O silêncio que respeita a liberdade do sofrimento. O sagrado que se retira para não nos manipular. O sentido que transcende a razão. 

A vida não precisa fazer sentido para ser profundamente apreciada. Ao aceitar que a vida não segue minhas regras, eu consigo abrir mão da ilusão de controle que me escraviza. Eu percebi que através da Fé que eu posso elevar minha contemplação do mundo para além da ciência. Com isso, eu acredito que posso ser alguém melhor.

Na minha vida eu busquei na ciência, na filosofia, na religião e até nas drogas alucinógenas, algo que desse um sentido último para o universo. Mas na ciência só encontrei mais dúvidas. Nas religiões só encontrei idolatria. E nos alucinógenos eu percebi que não somos capazes de expressar tudo aquilo que somos capazes de sentir.

Perceber que a razão não é suficiente para lidar com o mundo me fez desenvolver sensibilidade. Depois de aprender a sentir mais do que pensar, foi que comecei a ter Fé.

Essa sensibilidade não advem do conhecimento, ela surge depois de olhar de perto para o vazio que existe dentro de nós. Como disse Dostoievski, esse vazio é do tamanho de Deus, portanto, só pode ser preenchido por ele.

O vazio que existe dentro de nós tem nome: busca por sentido. Essa é a maior força que move o ser humano. Mas esse sentido não é encontrado fora, apenas olhando para dentro é possível concebê-lo. Da mesma forma, Deus não pode ser encontrado fora, ele está dentro de nós. Quando o sentimos, não somos capazes de explica-ló, porque o que sentimos, assim como Deus, ultrapassa a razão.

Nem as palavras nem os pensamentos são traduções verossíveis do sentimento divino.

Eu sempre quis ter fé, contudo, nunca consegui aceitar que as pessoas são capazes de acreditar em algo sem explicação. Percebi, finalmente, que a Fé é a esperança daqueles que já não sabem de onde tirar forças. Ela é construída no vácuo. É forjada no vazio que existe dentro de nós. É feita para dar sentido onde a lógica não é suficiente.

Fé é sensibilidade. É amor a si mesmo e ao próximo. Fé não é idolaria, é contemplação do mistério. É a única coisa capaz de ultrapassar a razão. Fé é força.

Talvez a fé seja uma experiência de quase morte. Um grito no escuro. De qualquer forma, para ter Fé é preciso saber amar, porque o amor também transcende a razão.

Não existe exemplo maior disso do que a Oração de São Francisco. Me emociono toda vez que a ouço porque seu texto é pura doação. Até hoje, esse foi o sentido mais profundo que já encontrei para a vida. Ter Fé nas pessoas. Fé de que o mundo será melhor. Não porque a razão acredita nisso, mas porque através da Fé eu posso ter esperança.

Tudo isso me mostra o quanto estive enganado a vida toda. De pensar que a dúvida é o oposto da Fé, quando na verdade, uma dúvida honesta leva a uma Fé mais profunda.

Essa é a força que origina todas as religiões. É tão intrínseca quanto uma força da natureza. É a lei do espírito. É o instinto da Fé.

Nunca imaginei que esse dia chegaria, o dia em que eu deixaria de ser ateu. O dia em que percebi que saber sentir é mais importante do que saber explicar.



"Não houvesse dúvida, não haveria mistério, não houvesse mistério, não haveria necessidade de Fé."

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Fé - A Força que Vem do Vácuo

Efeito Casimir é uma força atrativa que ocorre entre superfícies condutoras muito próximas devido a flutuações no vácuo. Essa força, que foi confirmada experimentalmente, surge porque o vácuo não é vazio, ele borbulha criando pares de fotons que continuamente retornam ao vácuo instantes depois.

Como é possível algo surgir do nada?
E como é possível que algo desapareça?
 
O universo é o que é, nós só precisamos aceitar.

Quem somos nós para justificar o mundo por completo? Embora seja certo que possamos explicar muita coisa, também é certo que sempre haverá mais coisas a se explicar do que para se saber. Diante disso, aceitar o mistério não é absurdo, pelo contrário, é um ato que demonstra sabedoria e humildade. 

Para ter Fé é preciso a mesma postura.

Acredito que a Fé não deveria nascer da crença cega, mas da realização de que existem infinitas coisas que ultrapassam a nossa razão. Quem disse isso foi o teólogo Blaise Pascal. A principal dessas coisas somos nós mesmos.

Talvez a fé seja uma experiência de quase morte. Um grito no escuro. Um Efeito Casimir. De qualquer forma, para ter Fé é preciso amar. É preciso parar para sentir o mundo e a si mesmo.

terça-feira, 6 de maio de 2025

Crise

Em crise diante do nada me pergunto: o que é o homem diante da natureza? Nada. 
Ainda assim, tudo o que existe diante do nada sou eu.

Estamos fadados a procurar por significado no interior dessa esfera de raio infinito, cujo centro se encontra em toda parte e a borda em lugar nenhum. Sustentamos todo um Universo dentro de si, e assim como ele, nem sequer sabemos quando começamos a existir. 

Nos contaram uma data, mas você se lembra dela? Partiremos sozinhos e cabe a nós lidarmos com isso. Nesse breve período em que estamos aqui, alguns dizem encontrar Deus. 

Seja lá o que isso for. Nem os teoremas da incompletude conseguem te alcançar.

A tua sabedoria é não se mostrar. 
A tua essência é não ser.  
A tua presença é não estar.
O teu amor é não julgar. 
A tua lógica é transcender. 
Porque somente através da Fé,
É possível te encontrar.

domingo, 27 de abril de 2025

Sobre a fé e o ateísmo

Todos nós temos o universo dentro de si. 
Quando nos tornamos conscientes disso, sentimos uma enorme gratidão por estar vivo.

É bom poder estar vivo porque experiênciar o universo é bom. 

Troque a palavra universo por Deus. Ninguém é ateu tendo o universo dentro de si. E não é preciso crer no paraíso para entender a vida eterna. 

Para mim, a vida eterna é aceitar a morte de forma tão natural que ela não será mais do que um sono tranquilo onde se pode dormir satisfeito depois de ter feito um bom trabalho.

Somente se pode morrer assim vivendo em paz e com o propósito de tornar a vida dos outros melhor do que a sua. 

Deixo aqui a oração de São Francisco, que descobri recentemente, e que me comeve profundamente por ser uma oração de doação. Uma doação pura ao mundo que nos deu vida. Acho que choro toda vez que a ouço porque ela parece ser o significado que eu sempre busquei na ciência e nunca encontrei.

Oração de São Francisco

Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:

consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.