segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Sobre concluir tarefas

Tarefas inacabadas.

Elas drenam a sua disposição metal porque o inconsciente as continua processando, mesmo que você não perceba isso. Para ter mais disposição é preciso terminar as tarefas inacabadas.

Exemplos:
1 - A conta não paga
2 - As decisões não tomadas
3 - O artigo não publicado
4 - O número da pessoa que você não pede
5 - O relacionamento não acabado (esse leva tempo)
6 - A casa não limpa
7 - A mensagem não enviada
8 - O amigo que você disse que ia ligar quando desse
9 - As barreiras que você decidiu impor e não consegue.


"Open loops need energy to survive,
Closing them releases energy"


Nós relembramos melhor as tarefas incompletas do que as tarefas completas (The Zeigarnik effect). Essa incompletude gera uma tensão mental até que a tarefa seja completada. Quando isso ocorre, podemos redirecionar a energia que estava sendo usada pela mente em outras atividades.

Você pode aproveitar mais a si mesmo, estar mais presente nas suas conversas, aprofundar seus passatempos, desenvolver mais confiança, aproveitar mais a vida de uma forma geral.

Esse efeito psicológico é digno de um Nobel. 

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

É possível a existência de Deus?

Primeiro vamos admitir que sabemos muito pouco, pois não temos como saber se sabemos muito ou pouco. Depois, vamos assumir o seguinte: a única verdade absoluta é que não existe verdade absoluta. Ora, mas então isso seria uma verdade absoluta? Está feito o paradoxo.

Se eu estabeleço que a única restrição desta sentença é que ela contenha a exceção de si mesma, então o paradoxo não existe mais. Por isso, na matemática, o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto. É preciso definir o nada! (Mas será se a gente consegue?)

Perceba que o conjunto formado por todas as verdades absolutas contém um só elemento: não conter. (Ou o vazio é um elemento?)

Daí me ocorre que tudo parte de uma definição. E isso exige duas coisas: linguagem e ação.

A matemática se livra da contradição ao admitir a escolha (https://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma_da_escolha). A escolha é possível por quem detenha primazia. Eu, você, alguém. Mas isso nos leva a outra contradição: necessitamos de uma definição (que vem do nada) para definir o nada. O nada, em si, é o mais puro paradoxo. O nada somente pode ser, não sendo. É como se o nada fosse completo em si próprio. A condição necessária dele existir, ao meu ver, é que eu não exista.

O elétron colapsa em onda ou partícula por causa da medição. O que ele é antes de medir? Tudo, pois a probabilidade dele estar em qualquer lugar do universo é diferente de zero. Contudo, não sendo medido e não sendo observado, ele simplesmente não existe. Então é nada. Só passa a ser algo diante de nós. Se esse comportamento gera contradições na causalidade, talvez seja a contradição a própria condição da existência.

Trago ainda a incompletude fundamental demonstrada na matemática pelos Teoremas da Incompletude de Gödel: a matemática também não é livre de contradições. E mais ainda: somente pode ser consistente se for, necessariamente, incompleta.

Como bem sabia René Descartes, a única coisa que está além da dúvida é a própria dúvida. Ainda que eu seja uma simulação dentro de infinitas outras simulações, eu afirmo minha existência ao duvidar. Posso dizer que a condição da minha existência é a dúvida? Não sei, mas vou assumir. 

Como disse Morpheus "Tudo parte de uma escolha".

Não existe causa e efeito na escolha. É a mais objetiva aleatoriedade, como uma flutuação quântica do vácuo (Efeito Casimir> algo surge do nada e volta para o nada). Assim é a escolha: ela existe sem que algo seja necessário para a sua existência. Talvez, "o nada/vazio" seja o necessário para a existência da escolha. Assim como o vazio é necessário para a existência dos conjuntos. É uma questão de linguagem.

Portanto, para que eu transcenda a lógica, basta que eu me levante.

E ainda digo mais, eu poder escolher me levantar da cadeira agora é a prova de que Deus existe. É como se Deus fosse a contradição. E a contradição: a condição necessária da nossa existência/consciência. Por isso o livre arbítrio não entra em contradição com nada, porque ele é a própria contradição.

Se Deus está dentro de mim, e somente pode ser encontrado lá. Então eu poder me levantar agora é a prova de Deus existe, pois eu acabei de violar todas as leis da Natureza (ou você pode simplesmente assumir que não conhecemos nada sobre a natureza, como eu disse no início).

Os paradoxos são recursivos aqui. A existência é uma contradição. O nada é uma contradição. A existência do nada permite a existência. A existência com livre arbítrio permite a linguagem. A linguagem permite a existência dos paradoxos.

Conclusão: tudo isso que eu escrevi é um absurdo. Deus, sendo um absurdo também, é possível de existir da mesma forma que esse texto existe.

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Calango Comunista do Reddit

"Para a industrialização é necessário, para começar, reforma agrária e controle de capitais. Basicamente domínio público do setor agrário e financeiro. Isso é tipo o passo um. Só que fazer isso no Brasil só é possível com uma revolução.

Do século 20 pra frente a industrialização em países subdesenvolvidos necessariamente passa por uma revolução socialista. Para países colonizados como Brasil, Russia, China, India, etc. a industrialização pela via burguesa como França, Alemanha e Inglaterra é impossível. Dessa listinha que eu fiz, China e Russia (União Soviética) chegaram lá e mostraram o caminho das pedras.

Mais 2 países colonizados que alcançaram desenvolvimento industrial: Vietnã e Coreia. E daqui uns anos Laos e Cambodia vão entrar nessa lista também."

Continuando:

"Se pensarmos no conceito tradicional de colonização no século 20 como ocupação militar, como Israel na Palestina, Inglaterra na índia, etc. aí de fato Rússia não é NECESSARIAMENTE um país colonizado.

Mas na literatura a gente também tem o conceito de colonização moderna, que é a extração de valor de um país através de vias coercitivas no âmbito jurídico e econômico e respaldado por interferência midiática.

Aqui a gente tem por exemplo a colonização dos EUA sobre o Brasil, através das trocas desiguais, FMI, ONU, as think tanks e tudo o mais.

Nesse segundo conceito a gente pode argumentar que a Rússia czarista mantinha uma relação entre Rússia e Europa Ocidental de colônia. Ao passar pela revolução Bolshevik a Rússia "convidou" o ataque conjunto de 18 países sobre ela.

O Estado é poderoso, sempre poderoso, pq é o ESTADO né. É o governo. A questão é PRA QUEM esse Estado é poderoso."

Comentário lúcido:

"Acreditar que os bilionários e o Estado aão antagonicos, quando na verdade os bilionários são o que são porque controlam o Estado, é ilusão. 

Sabe quem paga para salvar empresas bilionárias de bilionários quando elas quebram? Sim, você, pobre e classe média. Veja o que aconteceu com a americanas e Oi (e várias outras). A Vale matou e destruiu uma cidade inteira, quantos bilionários foram presos? Na verdade estão ainda mais ricos hoje do que naquela época.

Eles é quem montam bancadas no congresso, influenciam políticos financiando campanhas, eles tem grana pra fazer propaganda midiatica sobre questões de próprio interesse e assim por diante.

E o melhor (ou pior) de tudo: ainda há pessoas que são fodidas por esse sistema de merda montado por eles que AMAM defender bilionários achando que eles estão do nosso lado. "

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Desistindo

Metade do mês passou e não sei o que aconteceu. Parece que fui telestransportado para a sexta-feira. Parece que para viver de verdade é preciso beijar a morte diariamente. Me sinto tão em paz que pareço morto. Não tenho ânimo para criar nada. Apenas consumo.

Parece que o emprego me destruiu. Tirou minhas forças. Jogar? Nem isso sei o que é mais.

A vida é simples. Simples demais, tão simples que começa a parecer morta. Queria poder voar como os pássaros. Bater o coração mil vezes por minuto como os beija-flor. O meu violão parece que virou enfeite. O computador virou enfeite. A televisão virou enfeite...

Ainda sinto vontade de aprender algo?
Desisti. Não quero mais saber do que são feito os átomos. Nem me importa mais quem criou o universo. Queria só poder me mudar para bem longe.

Família. Será se ter a minha própria faria alguma diferença nessa letargia?

Talvez assistir um filme... Quem sabe, arranjar uma namorada? Arranjei.

Como é bom poder enxergar. Ver a cor do céu, é de um azul mágico. É celeste. Parece que lá realmente moram os deuses. Mas fomos lá e não os encontramos. Só achamos mais vazio.

 O que eu faço meu Deus? Que tédio é esse. Como eu posso fazer a vida andar sem que eu a derrube dos meus braços? Preciso descobrir um câncer no meu corpo para aprender a viver?

Se fosse forçado a brigar com meu pai até a morte, se em uma dimensão alternativa nós passássemos dois anos vivendo em cativeiro e comendo insetos para sobreviver, qual seria a sensação de voltar exatamente para essa exata hora, onde me encontro sem absolutamente nada para fazer? Eu teria coragem de pegar um empréstimo de 300 mil como se comprasse pão? Eu sairia correndo na rua gritando como é bom estar vivo e cumprimentando cada ser vivo que encontrasse?

A vida me é fácil demais. Eu queria um desafio. Queria... não quero mais...

sábado, 13 de setembro de 2025

Sobre a alienação da alma

Quem quer fugir da sua vida, foge até por sinal de fumaça.
As rotas de fuga já estão todas pavimentadas na cultura.
Ocorrem as fugas coletivas.
Pessoas compartilham um mundo irreal como se aquilo fosse a sua realidade.
Tudo em busca de validação. 


"Acabaremos por amar a nossa servidão"


 


Acerola

Hoje comi umas trinta acerolas,
uns dez tamarinos,
uns cinco cajus,
uma manga,
e uma ata.



Deus é maravilhoso!



quarta-feira, 16 de julho de 2025

Sobre a rotação do espaço-tempo

Ontem resolvi ler qualquer coisa na Wikipédia. Logo me vi lendo sobre a sonda Gravity Probe B.

Esse satélite provou experimentalmente um efeito gravitacional chamado de Frame Dragging, uma espécie de torção do espaço-tempo que os corpos em rotacão causam no tecido do espaço-tempo.

Para isso ele utilizou 4 giroscópios feitos com as esferas mais redondas já criadas pela humanidade até então. Todas imersas em hélio líquido para evitar qualquer perturbação externa. Essas tiveram que medir um ângulo tão pequeno para provar esse efeito, que a própria história desse feito daria um artigo a parte. 

O fenômeno de Frame Dragging ocorre quando as fibras do espaço-tempo transferem a rotação de um corpo que gira para outro, arrastando consigo o próprio tecido do espaço-tempo. O efeito foi previsto pela relatividade geral em 1965, quando Roy Kerr achou uma solução exata das equações de Einstein para um buraco negro em rotação. Em um corpo estacionário a solução era conhecida desde 1915, quando Karl Schwarzschild, no fronte da 1ª Guerra Mundial, enviou uma carta para Einstein dizendo que possuia a solução.

O simples fato do buraco negro girar dificultou tanto as equações que demorou 50 anos para que alguém desse uma solução exata a esse caso. Provar que isso não era só teoria, que realmente poderia ser medido, levou mais 50 anos de avanço tecnológico. Em 2011, um artigo reuniu os dados do satélite e provou que sim, o espaço-tempo é arrastado pela rotação de um corpo celeste. 

Dois mistérios na minha mente foram sanados com a leitura desse experimento. O primeiro, sobre como a rotação de um corpo pode influenciar outro a girar. O segundo, sobre como as fibras do espaço-tempo podem rotacionar sem gerar uma tensão cada vez maior quando presas a um corpo.

Imagine uma bola presa as parades de uma caixa por várias cordas. Se você rotacionar essa bola, não importa em que direção, tensões cada vez maiores surgirão nas cordas, certo? A princípio, pensamos que essa torção apenas aumenta, mas é perfeitamente possível desfazer o torcionamento da corda sem parar de girar a bola. Para além disso, não importa quantas coordas estejam ligadas, a bola sempre poderá girar ininterruptamente sem que as cordas impeçam seu movimento de rotação. 

É totalmente contra-inuitivo imaginar essa siuação, mas é possível. Um truque famoso, conhecido como Truque do cinto de Dirac (Dirac's Bels Trick), exemplifica como uma rotação de 720º pode ser desfeita usando apenas movimentos de translação. 

Essa propriedade, na verdade, surge de algo mais profundo, a conexão entre dois espaços importantes da álgebra linear que parametrizam as rotações: os espaços SO(3) e S³. O primeiro tem a topologia de uma esfera 3D, o segundo, a de uma esfera 4D.

A conexão entre esses espaços é chamada de Hopf Fibration. É essa fibração que permite às linhas do espaço-tempo, quando conectadas a um corpo de topologia fechada (uma esfera), girer sem gerar torção cada vez maior nas fibras do espaço-tempo.

Um vídeo sobre como isso ocorre.


Como um objeto em rotação pode permanecer em contato com outro estacionário sem arrasta-lo consigo?

No vídeo, nenhuma das extremidades das cordas podem deslizar, as cordas podem esticar, mas estão fixas nas extremidades. 

Outro exemplo com 4 cordas:


 
É possível adicionar quantas cordas se desejar, a rotação não será impedida.