sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Desistindo

Metade do mês passou e não sei o que aconteceu. Parece que fui telestransportado para a sexta-feira. Parece que para viver de verdade é preciso beijar a morte diariamente. Me sinto tão em paz que pareço morto. Não tenho ânimo para criar nada. Apenas consumo.

Parece que o emprego me destruiu. Tirou minhas forças. Jogar? Nem isso sei o que é mais.

A vida é simples. Simples demais, tão simples que começa a parecer morta. Queria poder voar como os pássaros. Bater o coração mil vezes por minuto como os beija-flor. O meu violão parece que virou enfeite. O computador virou enfeite. A televisão virou enfeite...

Ainda sinto vontade de aprender algo?
Desisti. Não quero mais saber do que são feito os átomos. Nem me importa mais quem criou o universo. Queria só poder me mudar para bem longe.

Família. Será se ter a minha própria faria alguma diferença nessa letargia?

Talvez assistir um filme... Quem sabe, arranjar uma namorada? Arranjei.

Como é bom poder enxergar. Ver a cor do céu, é de um azul mágico. É celeste. Parece que lá realmente moram os deuses. Mas fomos lá e não os encontramos. Só achamos mais vazio.

 O que eu faço meu Deus? Que tédio é esse. Como eu posso fazer a vida andar sem que eu a derrube dos meus braços? Preciso descobrir um câncer no meu corpo para aprender a viver?

Se fosse forçado a brigar com meu pai até a morte, se em uma dimensão alternativa nós passássemos dois anos vivendo em cativeiro e comendo insetos para sobreviver, qual seria a sensação de voltar exatamente para essa exata hora, onde me encontro sem absolutamente nada para fazer? Eu teria coragem de pegar um empréstimo de 300 mil como se comprasse pão? Eu sairia correndo na rua gritando como é bom estar vivo e cumprimentando cada ser vivo que encontrasse?

A vida me é fácil demais. Eu queria um desafio. Queria... não quero mais...

sábado, 13 de setembro de 2025

Sobre a alienação da alma

Quem quer fugir da sua vida, foge até por sinal de fumaça.
As rotas de fuga já estão todas pavimentadas na cultura.
Ocorrem as fugas coletivas.
Pessoas compartilham um mundo irreal como se aquilo fosse a sua realidade.
Tudo em busca de validação. 


"Acabaremos por amar a nossa servidão"


 


Acerola

Hoje comi umas trinta acerolas,
uns dez tamarinos,
uns cinco cajus,
uma manga,
e uma ata.



Deus é maravilhoso!



quarta-feira, 16 de julho de 2025

Sobre a rotação do espaço-tempo

Ontem resolvi ler qualquer coisa na Wikipédia. Logo me vi lendo sobre a sonda Gravity Probe B.

Esse satélite provou experimentalmente um efeito gravitacional chamado de Frame Dragging, uma espécie de torção do espaço-tempo que os corpos em rotacão causam no tecido do espaço-tempo.

Para isso ele utilizou 4 giroscópios feitos com as esferas mais redondas já criadas pela humanidade até então. Todas imersas em hélio líquido para evitar qualquer perturbação externa. Essas tiveram que medir um ângulo tão pequeno para provar esse efeito, que a própria história desse feito daria um artigo a parte. 

O fenômeno de Frame Dragging ocorre quando as fibras do espaço-tempo transferem a rotação de um corpo que gira para outro, arrastando consigo o próprio tecido do espaço-tempo. O efeito foi previsto pela relatividade geral em 1965, quando Roy Kerr achou uma solução exata das equações de Einstein para um buraco negro em rotação. Em um corpo estacionário a solução era conhecida desde 1915, quando Karl Schwarzschild, no fronte da 1ª Guerra Mundial, enviou uma carta para Einstein dizendo que possuia a solução.

O simples fato do buraco negro girar dificultou tanto as equações que demorou 50 anos para que alguém desse uma solução exata a esse caso. Provar que isso não era só teoria, que realmente poderia ser medido, levou mais 50 anos de avanço tecnológico. Em 2011, um artigo reuniu os dados do satélite e provou que sim, o espaço-tempo é arrastado pela rotação de um corpo celeste. 

Dois mistérios na minha mente foram sanados com a leitura desse experimento. O primeiro, sobre como a rotação de um corpo pode influenciar outro a girar. O segundo, sobre como as fibras do espaço-tempo podem rotacionar sem gerar uma tensão cada vez maior quando presas a um corpo.

Imagine uma bola presa as parades de uma caixa por várias cordas. Se você rotacionar essa bola, não importa em que direção, tensões cada vez maiores surgirão nas cordas, certo? A princípio, pensamos que essa torção apenas aumenta, mas é perfeitamente possível desfazer o torcionamento da corda sem parar de girar a bola. Para além disso, não importa quantas coordas estejam ligadas, a bola sempre poderá girar ininterruptamente sem que as cordas impeçam seu movimento de rotação. 

É totalmente contra-inuitivo imaginar essa siuação, mas é possível. Um truque famoso, conhecido como Truque do cinto de Dirac (Dirac's Bels Trick), exemplifica como uma rotação de  720º pode ser desfeita apenas por movimentos de translação. 

Essa propriedade, na verdade, surge de algo mais profundo, a conexão entre dois espaços importantes da álgebra linear que parametrizam as rotações: os espaços SO(3) e S³. O primeiro tem a topologia de uma esfera 3D, o segundo, a de uma esfera 4D.

A conexão entre esses espaços é chamada de Hopf Fibration. É essa fibração que permite às linhas do espaço-tempo, quando conectadas a um centro gravitacional de topologia fechada e simplesmente conexa (uma esfera), gire sem se entrelaçar cada vez mais em si mesma, isto é, sem gerar torcionamento constante das fibras.

Depois vou adicionar um vídeo sobre como isso ocorre.



Como um objeto em rotação pode permanecer em contato com outro estacionário sem arrasta-lo consigo?

No vídeo, nenhuma das extremidades das cordas podem deslizar, as cordas podem esticar, mas estão fixas nas extremidades. Um outro exemplo com 4 cordas:


Agora, com cordas ligadas 

 

sábado, 12 de julho de 2025

Orações contra a dopamina barata

Oração de São Francisco:

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz,
Onde houver vazio, que eu leve um alucinógeno.
Onde houver tentação, que eu leve o botão "sair".
Onde houver preguiça, que eu leve um treino.
Onde houver tédio, que eu leve um livro.

Ó Mestre, dai-nos a coragem de deletar as redes sociais.
Que eu não busque a validação dos outros, e sim o propósito de verdade.
Que eu não busque ser visto em stories, e sim ser presente de verdade.
Que eu não busque ser compreendido no comentário, e sim compreender a mim mesmo.

Pois é desconectando que me reconecto comigo.
É desinstalando que me liberto da dopamina barata.
E é desligando que ressucito para a vida real.


Pai nosso:

Wifi nosso que estais no smarphone,
santificado seja o vosso multiplexador.
Venha a nós o vosso foco,
seja feita a vossa produtividade,
assim na vida online como na offline.

Protegei-me das drogas viciantes, menos do café. 
E pardoai as nossas recaídas,
pois o vazio existencial é falta de Fé,
e a pornografia é a nossa inimiga.

Não nos deixeis cair na tentação dos reels,
Jamais permita que eu baixe o Tiktok.
Me dê força para apertar "desativar conta".
Livrai-nos também do softporn,
da masturbação e dos MMOs na madrugada,
Amém!


Ave Maria

Ave Consciência, cheia de sabedoria, o foco é convosco.
Bendita sois vós entre os propósitos,
e bendito é o fruto da vossa determinação: a paz interior.
Santa Mente, Mãe da Sanidade, rogai por nós, pecadores do scroll infinito,
agora e na hora da nossa tentação de abrir o Tinder, protejei-me do sexo casual.
Amém!



quinta-feira, 3 de julho de 2025

Sobre Superar a Luxúria

Eu consegui.

Hoje eu disse sim para mim e não para o desejo. Mesmo quando ele me foi explícitamente oferecido.


Hoje eu escreverei um poema para a minha alma.

Tecnologia espiritual sombria, (13)
Das adições mundanas do moderno, (11)
Em que momento virei teu subalterno (12)
para te ceder a minha energia? (12)


Prazer de progenitura fria, (10)
E de manifestação irracional (12)
Nunca em nossa alma tu alivia (12)
o esvaziamento espiritual (12)

(daqui em diante não está terminado, vou continuar depois)

Hoje penso com coerência
Sobre tamanha inconsistência,
De seguir impulso sem propósito.

Sublimar o desejo em criação
me permite a contemplação
de assinar minha existência
e estabilizar minha consciência.

O corpo em estado natural
É o condutor da mensagem divina
O corpo é ancestral, o espírito, 
o guia definitivo da paz celestial.

domingo, 22 de junho de 2025

Sobre o preço da vida moderna

Tudo ficou rápido demais. As escolhas, o tempo, as relações.

As coisas não acontecem mais, elas atropelam. Uma conversa não termina e logo vem outra.

Tem algo estranho acontecendo com a gente. Os dias passam e não conseguimos lembrar com clareza o que fizemos. Tente lembrar de ontem, de um momento, um instante simples. Não um meme ou um post nas redes sociais. Um sorriso, um cheiro, um gosto. Parace que ontem passou e nada ficou.

Algo está acontecenodo, algo silencioso como uma névoa, não tem dor, não tem alrme. Só uma névoa que cobre os dias.

Esse esquecimento suave vai apagando tudo que é comum, tudo que é real. As risadas ficaram rasas, como se estivéssemos vivendo em modo silencioso. Você acorda, pega o celular, rola a tela enquanto vai tomando café. Vai para o trabalho, corre, entrega, quando volta, o dia já acabou.

Você viveu, mas não lembra. A rotina virou uma sequência de gestos automáticos, atravessados por estímulos demais e presença de menos. Isso não é só esquecimento, é o cérebro tentanto sobreviver. Não é um fenômeno isolado. Estamos todos perdendo pequenos pedaços de nós diariamente. 

A maioria nem percebe o esvaziamento da própria alma...