Primeiro vamos admitir que sabemos muito pouco, pois não temos como saber se sabemos muito ou pouco. Depois, vamos assumir o seguinte: a única verdade absoluta é que não existe verdade absoluta. Ora, mas então isso seria uma verdade absoluta? Está feito o paradoxo.
Se eu estabeleço que a única restrição desta sentença é que ela contenha a exceção de si mesma, então o paradoxo não existe mais. Por isso, na matemática, o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto. É preciso definir o nada! (Mas será se a gente consegue?)
Perceba que o conjunto formado por todas as verdades absolutas contém um só elemento: não conter. (Ou o vazio é um elemento?)
Daí me ocorre que tudo parte de uma definição. E isso exige duas coisas: linguagem e ação.
A matemática se livra da contradição ao admitir a escolha (https://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma_da_escolha). A escolha é possível por quem detenha primazia. Eu, você, alguém. Mas isso nos leva a outra contradição: necessitamos de uma definição (que vem do nada) para definir o nada. O nada, em si, é o mais puro paradoxo. O nada somente pode ser, não sendo. É como se o nada fosse completo em si próprio. A condição necessária dele existir, ao meu ver, é que eu não exista.
O elétron colapsa em onda ou partícula por causa da medição. O que ele é antes de medir? Tudo, pois a probabilidade dele estar em qualquer lugar do universo é diferente de zero. Contudo, não sendo medido e não sendo observado, ele simplesmente não existe. Então é nada. Só passa a ser algo diante de nós. Se esse comportamento gera contradições na causalidade, talvez seja a contradição a própria condição da existência.
Trago ainda a incompletude fundamental demonstrada na matemática pelos Teoremas da Incompletude de Gödel: a matemática também não é livre de contradições. E mais ainda: somente pode ser consistente se for, necessariamente, incompleta.
Como bem sabia René Descartes, a única coisa que está além da dúvida é a própria dúvida. Ainda que eu seja uma simulação dentro de infinitas outras simulações, eu afirmo minha existência ao duvidar. Posso dizer que a condição da minha existência é a dúvida? Não sei, mas vou assumir.
Como disse Morpheus "Tudo parte de uma escolha".
Não existe causa e efeito na escolha. É a mais objetiva aleatoriedade, como uma flutuação quântica do vácuo (Efeito Casimir> algo surge do nada e volta para o nada). Assim é a escolha: ela existe sem que algo seja necessário para a sua existência. Talvez, "o nada/vazio" seja o necessário para a existência da escolha. Assim como o vazio é necessário para a existência dos conjuntos. É uma questão de linguagem.
Portanto, para que eu transcenda a lógica, basta que eu me levante.
E ainda digo mais, eu poder escolher me levantar da cadeira agora é a prova de que Deus existe. É como se Deus fosse a contradição. E a contradição: a condição necessária da nossa existência/consciência. Por isso o livre arbítrio não entra em contradição com nada, porque ele é a própria contradição.
Se Deus está dentro de mim, e somente pode ser encontrado lá. Então eu poder me levantar agora é a prova de Deus existe, pois eu acabei de violar todas as leis da Natureza (ou você pode simplesmente assumir que não conhecemos nada sobre a natureza, como eu disse no início).
Os paradoxos são recursivos aqui. A existência é uma contradição. O nada é uma contradição. A existência do nada permite a existência. A existência com livre arbítrio permite a linguagem. A linguagem permite a existência dos paradoxos.
Conclusão: tudo isso que eu escrevi é um absurdo. Deus, sendo um absurdo também, é possível de existir da mesma forma que esse texto existe.
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