sexta-feira, 24 de maio de 2024

Sobre envelhecer

Aos 28 anos me sinto envelhecido. Não só na aparência já totalmente calva, mas me sinto deslocado entre jovens. Que inferno é isso? Que cansasso me aflige quando sou forte? Quando me envelheci?

Desenvolvi sensibilidade tardiamente. Não conseguia entender poesia alguma na adolescência. Toda poesia me parecia sem sentido. Me perguntava para que servia um poema, nutria certa raiva de poetas, pois achava todos uns inúteis que escreviam coisas sem sentido.

Hoje sinto que me afligem hoje os sentimentos que deveriam me afigir na adolescência. Sinto uma adolescência tárdia. Toda música me comove, e alguns pensamentos vêm como sonhos. Sinto demais por não ter sentido, tanto quanto, quando deveria ter. Sinto uma espécie de adolescência que precede a velhice. Tão cedo me enxergo idoso, que imagino a solidão e a tenho preguiça de enfrentar. Prefiro passar meus fins de semana sozinho.

É triste não se compadecer da dor do outro? Estou morrendo por dentro. Penso cada vez mais em mim e menos nos outros. Os sentimentos também envelhecem. Acho que encontrei a resposta da pergunta que eu fazia aos adultos: quanto mais velho, mais difícil é se apixonar. 

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