sexta-feira, 31 de maio de 2024

Sobre a vida

A vida é um cigarro e o resto é fumaça.

Em geral, só tem inspiração quem se fudeu muito na vida. Por isso que a burguesia é burra.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Sobre o Vazio do Nada

Para que o nada pudesse existir, seria necessário que a realidade não existisse.

Mas se a realidade não existisse, não existiríamos. Portanto, a condição necessária (mas não suficiente) do nada existir, é que não existíssemos.

Logo, o nada só existe como ideia quando falamos dele. Não há, na natureza, algo que encontre correspondência com o vazio. Não existe vácuo perfeito, apenas probabilístico. Independentemente da tecnologia, a Mecânica Quântica não permite que o vazio nos seja apresentado. Isso foi demonstrado pelo vácuo quântico (pressão negativa que surge por flutuações de partículas e antipartículas entre duas superfícies próximas).

O nada é belo. 

É infinitamente simétrico, dado que não possui nada para restringir suas simetrias. É infinitamente vasto, pois não existe para poder ser medido. É infinitamente profundo, pois só existe quando tudo deixar de existir. E é eterno, pois para que seja, necessita que o tempo não seja.

Sobre a Tradução - Traduções perfeitas são Impossíveis

Para cada fonema existem múltiplas combinações de consoantes e vogais que o geram. De forma inversa, combinações diferentes entre consoantes e vogais podem gerar fonemas iguais. Como não é possível estabelecer uma relação um-para-um entre fonemas e letras, estão, estamos diante de uma função bijetora.  As funções bijetoras não admitem inversas, para cada entrada podem existir múltiplas saídas (por exemplo, a função W de Lambert). Disto decorre que traduções perfeitas entre línguas não podem ser obtidas por uma modelagem matemática (por exemplo, não podem aprendidas por uma IA). 


Contudo modelos de tradução como o Deep.L são aproximações tão boas de tais funções, que me pergunto se os limites da lógica não poderiam ser ultrapassados por uma IA suficientemente profunda. Em geral, computadores não são capazes de suportar a contradição, mas Gödel demonstrou que a lógica não é tão bem delimitada assim.


Se assumirmos que existem infinitos axiomas para se construir a matemática, então, provavelmente seja possível a uma IA aprender certa matemática mais abrangente que a nossa. Uma possível prova disso seria se uma IA especializada em demonstrações matemáticas fosse capaz de demonstrar um problema já provado idemostrável na matemática atual.

Sobre Transceder a Lógica

A única verdade absoluta é que:
Não existe verdade absoluta. um paradoxo.

Contudo, se eu estabeleço que a única restrição desta setença é que ela contenha a excessão de si mesma, então o paradoxo não existe mais. Basta que vazio faça parte do conjunto. Por isso todos os conjuntos contém o elemento vaio. O conjunto formado por todas as verdades absolutas contém um só elemento: não conter. Logo, tudo parte de uma definição. Isso exige duas coisas, linguagem e ação.

A matemática se livra da contradição ao adimitir a escolha (https://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma_da_escolha). Algo possível por quem detenha primazia. Eu, você, alguém.

Nada é completo em si próprio, talvez o vazio/nada o seja. Mas isso nos leva a outra contradição, pois o vazio não pode ser algo. Novamente, é com uma definição que conseguimos definir o nada. O nada, em si, é o mais puro paradoxo. O nada somente pode ser, não sendo.

O elétron colapsa em onda ou partícula por causa da medição. É necessário o observador. É necessária a interferência. O que ele é antes de medir? Tudo e nada. A probilidade de sua posição é assintótica de um extremo ao outro em todas as direções (3D gaussian).

A matemática somente pode ser algo diante de alguém. A realidade só pode existe para quem a percebe. Essa incompletude fundamental foi demonstrada na matemática pelos Teoremas da Incompletude de Gödel, mas não pode ser demonstrada na realidade, pois seria preciso sair dela para que se fosse possível. Chamemos de realidade R1 a primeira, e de realidade R2 a que contém a primeira. Se a demonstração funciona em R1, pelo segundo Teorema da Incompletude, o mesmo pode ser demonstrado em R2. E assim sucessivamente. A realidade, para ser consistente, necessariamente tem de ser incompleta.

Como bem sabia René Descartes, a única coisa que está além da dúvida é a própria dúvida. Ainda que eu seja uma simulação dentro de infinitas outras simulações, ao pensar eu afirmo minha existência. 

Como disse Morpheus, que vivia na Matrix, e sabendo que a sua própria realidade poderia ser outra simulação "Tudo começa com uma escolha".

Não existe causa e efeito na escolha. É a mais objetiva aleatoriedade, como uma flutuação quântica do vácuo, apenas existe, sem que nada seja necessário para a sua existência. 

Para que eu transcenda a lógica basta que eu me levante.

terça-feira, 28 de maio de 2024

Soneto - Matematicalismo

Matematicalismo

A Matemática nunca me permite,
Desdaltonizar minha consciência,
Pois os infinitesimais limites,
Somam-se em sinistra convergência.

O plano que orbita pelo abstrato,
Cálculo dos limites no infinito,
É fronteira de explícito adstrato,
E de inequívocos indefinidos.

Lagrange, Legendre e Laplace,
Que a onisciência voz abrace,
Por desvendarem o infinitesimal.
 
Mas hoje sofremos com os paradoxos, 
Dos limites menos ortodoxos,
Intratáveis na regra de L'hospital.




sexta-feira, 24 de maio de 2024

Sobre envelhecer

Aos 28 anos me sinto envelhecido. Não só na aparência já totalmente calva, mas me sinto deslocado entre jovens. Que inferno é isso? Que cansasso me aflige quando sou forte? Quando me envelheci?

Desenvolvi sensibilidade tardiamente. Não conseguia entender poesia alguma na adolescência. Toda poesia me parecia sem sentido. Me perguntava para que servia um poema, nutria certa raiva de poetas, pois achava todos uns inúteis que escreviam coisas sem sentido.

Hoje sinto que me afligem hoje os sentimentos que deveriam me afigir na adolescência. Sinto uma adolescência tárdia. Toda música me comove, e alguns pensamentos vêm como sonhos. Sinto demais por não ter sentido, tanto quanto, quando deveria ter. Sinto uma espécie de adolescência que precede a velhice. Tão cedo me enxergo idoso, que imagino a solidão e a tenho preguiça de enfrentar. Prefiro passar meus fins de semana sozinho.

É triste não se compadecer da dor do outro? Estou morrendo por dentro. Penso cada vez mais em mim e menos nos outros. Os sentimentos também envelhecem. Acho que encontrei a resposta da pergunta que eu fazia aos adultos: quanto mais velho, mais difícil é se apixonar. 

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Sobre a Alma

Música?
Notas.

Matemática?
Fórmulas.

Poesia? 
Rimas.

Você?
65 % oxigênio.
18,5 % carbono.
9,5 % hidrogênio.
3,2 % nitrogênio
1,5 % cálcio
1 % fósforo


Resposta que mais me acalma,
Sublime contradição dos objetos, 
Triângulo secreto da alma,
Ilógica dos paradoxos discretos.

Rígidas leis de exata natureza,
Na tua suprema conjuntura, 
Como possuis holística beleza,
Como pode haver formosura?

Se es soma maior que todas as partes, 
Também és tu, todas as supremas artes,
Ultrapassa todas as nossas culturas





domingo, 19 de maio de 2024

Deus da Sacanagem

Se os sonhos são as janelas do nosso inconsciente, o que significa o sonho que tive hoje? Já foi sonhado outras vezes, o que me assusta ainda mais. Comi minha irmã, calada, não dizia nada enquanto eu lhe despia. Quando meu consciente desperta, lembro dela. Acordado não sinto absolutamente nada. Sinto até repulsa. Ela não tem uma só característica física que aprecio e busco nas mulheres que almejo. Baixa estatura, sem definição, pouco cabelo, sem interesse por questões científicas ou metafísicas, pouca agilidade em tecnolgia e calva antes dos 30 anos, como eu. Gostaria que meu subconsciente explicasse isso. 


Que profundo enigma da mente. Sentir duas coisas tão contrárias no mesmo ser. Sempre essa maldita contradição, parece-me que sou perseguido por paradoxos desde a infância. Me dou conta que desde novo sou apresentado a conteúdos que exploram absurdos, da Mecânica Quântica ao subconsciente, da matemática não euclidiana aos teoremas da incompletude  de Gödel. Me recordo de jogos em múltiplas dimensões, filmes de viagens no tempo, livros sobre a Teoria do Caos e músicas sobre sob alucinógenos.


Hoje me sinto na Ilha do Medo, limites entre a lucidez e a loucura se tornam cada vez mais tênues. Me vejo mais calvo, talvez, por que envelheci 10 anos para além de minha idade e aparência. Sinto que finalmente estou embriagado com o mar de existencialismo no qual foi naufragada a minha vida. 


Em sonho sou uma coisa, acordado, sou outra. Não deveria ser possível sentir sensações opostas ao mesmo tempo. A descoberta do inconsciente está para a psicologia como o átomo está para a Física. Pilares fundamentais de ambas ciências, em vez de fornecerem solidez e consistência, romperam com a estrutura do pensamento humano. Não bastasse isso, em 1924 Godel cartografou o paradoxo para dentro da matemática. O golpe foi belo e poderoso, com a força de um Teorema, contradisse a mais sólida lógica. Dentro da aritmética, Gödel encontrou uma fórmula que diz: eu não posso ser provada e sou a prova de si mesma.


Nascem os Teoremas da Incompletude prestando à Matemática o mesmo serviço de disrrupcão que o inconsciente e o átomo prestaram à Psicologia e à Física. O que todas estas revoluções tem em comum? Elas retornam o ser humano para o nada. Escancaram o vazio que existe dentro de nós, que encontra correspondência na contradição. Disrrupturas, paradoxos do simultâneo, do ser e do não ser (onda/matéria), do sentir e não sentir (consciente/subconsciente), do poder não ser verdadeiro nem falso (completa/inconsistente).


Kierkegaard, Durkheim, Froid, Jung... a consciência é um problema insolúvel de nossa parte. Que melhor experimento de demonstração para isso do que ler Fernando Pessoa? Dezenas de Pessoas que nunca existiram escritas pela mente do sonhador, pessoas que conversam, choram, brigam, todas num único sonho de uma única pessoa que não existe.


Deve-se deixar de pensar nessas coisas o mais rápido possível. Temo que as singularidades das quais falamos invocam vórtices que engolem tudo como um buraco negro em nossa mente. Esse aprofundamento na contradição causa rupturas sinistras no tecido da nossa personalidade. Temo ser levado para lugares onde a lógica e o social não valham mais que qualquer coisa. Quem sabe esse processo esteja a ocorrer no exato momento em que escrevo isso. Quem sabe seja Deus um tremendo sacana que ri da nossa crise existencial. Um Deus da sacanagem. Que busque levar todos os seres humanos para a mesma miséria existencial, só para ver até onde vai a loucura. Se eu fosse Deus, faria isso.

terça-feira, 14 de maio de 2024

Sobre o Desassossego de Pessoa

É certo que Pascal, Pessoa e Eclesiastes, chegam, por meios distintos, nas mesmas conclusões, que não concluem nada. Nem sabem se chegam, ser chegada no indestino, uma ponte construída entre dois mistérios, onde o início e o fim das coisas não podem ser concebidos. Sabemos todos que morreremos, mas e se ficamos? Saímos da vida? À vida nem mesmo podemos dizer se realmente existimos ou se ela sonhamos.

Caímos! Todos no mesmo vazio existencial. Sustentamos diferentes visões, que podem não ser nossas, poder ser sonhos sonhados por outro, e mesmo assim você faz as mesmas perguntas: para onde vamos? Quem sabe vamos desaparecer em contradições que não entendemos num universo que não concebemos. Somos lógica contida na matéria, estranha matéria capaz de contorcer-se com a não dor física do pensamento, que buscando as origens do pensar sente dissolver-se em gradientes cinzentos de devaneios. Dores da razão, como uma solução panteisticamente espalhada pela eternidade na esfera de raio infinito cuja superfície não se observa e o centro está em toda parte. Não se encontra, não sabe nunca, não consegue ser nada e nem o nada consegue definir. 

Sofrerá até a morte do universo, quando todos os nossos átomos se desintegrarem, quando o tempo não puder mais ser medido, quando de nós restar somente a energia indistinguível de tudo mas que nada realiza, aí, talvez, o próprio universo reinicie na flutuação mínima da mesma pergunta: porque existe algo inves de nada? No vazio e do nada, do início de qualquer coisa surgida, ali estará a tua resposta, Pessoa, que levou a eternidade para se fazer, no infinitésimo do espaço e no vácuo do tempo, alguma coisa deixou de ser para se tornar outra coisa. E depois? Pensar, pensar tudo de novo em milhões de mundos simultaneamente, em todos os seres, ver o universo fatigar-se de ser tudo para às mesmas conclusões: nem uma coisa nem outra. Apenas sonhos, sonhos da matéria animada.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

A Sombra (soneto em andamento)

Por trás dos sonhos esquecidos
Reprimidos em nosso inconsciente
Surge a sombra, de dia, ausente
Que a noite assola nossos juizos.

Se te levantas surpreso e assustado
Com sonhos que não compreende?
Enterrados em teu subconsciente,
Estão sentimentos somatizados.